03 dicas para se lidar com a demência

Rebecca Rickman

Tempo de leitura: 07 minutos


Introdução

A demência é uma condição médica que pode se manifestar de várias maneiras. Entender o “por quê” e “o que é” é essencial para saber “como lidar”. Ela não é uma doença em si, mas um termo genérico para um conjunto de sintomas, incluindo a perda de memória, incapacidade de raciocinar e mudanças na personalidade. Ela está mais intimamente relacionada com a doença de Alzheimer, mas também pode ser causada por lesões cerebrais ou outras doenças.

Os portadores dessa condição podem sofrer de forma intermitente, tendo períodos de lucidez e clareza que podem levar você a acreditar que eles estão ficando melhores. Estes períodos geralmente são de curta duração e devem ser usados para expressar o amor e o cuidado com o paciente.

Devido à perda de raciocínio, nenhum argumento no mundo irá mudar o comportamento das pessoas que sofrem deste mal. Elas simplesmente não estão mais no controle. Abaixo estão alguns dos sintomas e as formas de se lidar com eles:


Agressão física ou verbal

Mesmo a pessoa mais doce, mais amorosa pode se tornar descontroladamente agressiva, atacando verbalmente ou mesmo fisicamente seus cuidadores. Essas explosões podem ser resultado de dor, confusão, mudança de rotina ou ambiente.

“Muitas vezes a agressão vem por puro medo”, diz Teresa Mariotto, embaixadora da Família na Silverado Sênior Living, em Bellingham, WA.

“As pessoas com demência são mais propensas a bater, chutar ou morder outras pessoas em resposta ao sentimento de impotência ou medo.” O que você não deve fazer é tentar forçar que elas mudem ou dizer-lhes para se comportarem melhor. A melhor tática é tentar descobrir “o que motivou” o ataque e resolvê-lo. Se elas estão sentindo dor, trate a dor. Se estiverem confusas, fale tranquilamente sobre o que se lembram. Note, no entanto, que as coisas que anteriormente elas apreciavam, agora podem agravar o problema. Abraçar e tocar podem, às vezes, provocar reações desse tipo. Apenas aja com calma e cuidado, prestando atenção ao que agora funciona e o que não funciona mais.

Meu avô trabalhou em uma ferrovia por 51 anos, até que foi forçado a se aposentar. Pouco tempo depois, ele sofreu um derrame que o deixou paralisado do lado esquerdo e incapaz de falar. Além da frustração por não ser mais capaz de cuidar de minha avó, ele se voltou contra ela, porque ela era agora a cuidadora. Ele sempre foi um homem gentil, mas isso era mais do que ele podia suportar, e ele reagiu.


Confusão e perda de memória

Muitos de nós já vivenciaram uma pessoa idosa nos chamando pelo nome errado e falando-nos coisas das quais não temos nenhuma ideia do que se trata. Esse é um sintoma muito comum da demência. O paciente volta a um tempo e a lugares do passado. As pessoas ao seu redor se tornam as pessoas que o amaram e cuidaram em outras épocas de sua vida. Isso é simplesmente uma maneira de se tentar obter novamente o controle. Ele remete a sua realidade para um tempo onde se sentia mais no controle. Tentar trazê-lo de volta à realidade atual não serve para nada, a não ser para causar mais sofrimento e confusão. “Entrar no jogo” é o melhor caminho. Faça o que puder para desempenhar o papel que lhe foi atribuído e siga junto com a história.

Nos casos em que o paciente esteja vivendo em algum lugar em que não queira estar, seja em casa ou em qualquer outro local, e pede repetidamente para sair e ir para casa, experimente uma das duas opções: Mude de assunto ou saia para uma caminhada, levante para fazer um lanche, complete um quebra-cabeça ou ligue a televisão. A outra opção é “inventar uma desculpa” como “não podemos sair esta noite porque o tempo está muito ruim”, ou “o trânsito está horrível.” O objetivo aqui é fazer com que ele se sinta seguro e confortável.

Quando a minha avó, Rosetta, estava doente, ela me chamava para olhar debaixo de sua cama no meio da noite e gritava: “Os porcos estão soltos no quintal! Temos que levá-los de volta!” Eu gostava de consolá-la e dizer-lhe que eu estava cuidando disso. Então, eu saia pela porta da frente e passava alguns minutos do lado de fora. Quando voltava, assegurava-lhe que os porcos estavam recolhidos, e tudo estava bem. Satisfeita, ela voltava a dormir até a próxima fuga dos porcos.


Julgamento ou percepção distorcidos

Com a deterioração das células do cérebro, as conexões nervosas e os controles importantes ficam debilitados: Por exemplo, você pode ser acusado de ter roubado algo do paciente, ele pode começar a acumular objetos ou pode esquecer coisas, como comer e tomar banho.

Este é o ponto onde um familiar assume algumas das tarefas para ele e pode ser um momento dele se sentir humilhado, e a última coisa que você irá querer é causar mais constrangimentos. Se ele vive com você, a tarefa de supervisioná-lo fica mais fácil. Se ele ainda tem autonomia, certifique-se em verificar com freqüência as suas Atividades de Vida Diárias , mantendo-se atento para quaisquer mudanças drásticas na aparência física (sinais de que não está fazendo a higiene adequada) e do ambiente (casa bagunçada, acúmulo de objetos).

Se o juízo começar a falhar muito, tal como sair de casa sem rumo, provavelmente é hora de se considerar algum tipo de assistência pessoal para auxiliá-lo nas Atividades de Vida Diárias. Este é um momento assustador para todos os envolvidos, particularmente para o portador da demência. Ver o declínio mental de pais, do cônjuge ou de um amigo nos faz sentir como se o coração tivesse se partido ao meio… Mas o mais importante é ter a certeza de que ele estará sempre seguro e confortável.


Deve-se sempre buscar o aconselhamento médico com relação as dúvidas e preocupações que surgem. Encontre um grupo que possa dar apoio e procure cuidar muito bem da sua própria saúde!


Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa Metzger, do original “3 tips for dealing with dementia”. Postado no Brasil em “familia.com.br”. Revisado por ANYA. 

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