Alzheimer: Intimidade e sexualidade

“Alzheimer Society Canada”

Tempo de leitura: 08 minutos

Introdução

A sexualidade e intimidade na terceira idade é permeada por muitos tabus e preconceitos. Mas o assunto deve ser tratado pela família com normalidade, para evitar transtornos de vários aspectos. É falsa a ideia que os idosos são seres assexuados, como se a sexualidade e a intimidade fossem exclusivas para pessoas mais jovens.

Todos nós possuímos a necessidade de ter uma companhia e de intimidade física. Pessoas com a Doença de Alzheimer ou outra Demência não são diferentes. Elas podem preencher essa necessidade no casamento, tendo parceiros ou amigos.

As expressões de intimidade física entre duas pessoas podem variar: um aperto de mão, um tapinha nas costas de um colega, um abraço forte e as relações sexuais entre amantes. Quanto mais íntimas são as formas de expressão, maior é a necessidade de privacidade.

O relacionamento com o parceiro é único. Cada pessoa escolhe a outra por diferentes razões. Os relacionamentos podem ser diretos ou complexos. Independentemente do tipo de relacionamento, é importante que seja satisfatório para ambas as pessoas.

Quando uma pessoa tem Demência, os casais geralmente conseguem continuar tendo um relacionamento íntimo por muitos anos. Quando as mudanças pela doença afetam o relacionamento físico, é importante lembrar que todo casal lida com essas mudanças à sua maneira.

As alterações nas necessidades de proximidade e intimidade física provocadas pela doença afetarão qualquer tipo de relacionamento.

Nota: Para facilitar a leitura, o termo “parceiro” é usado aqui para se referir à pessoa com quem a pessoa com demência compartilha companheirismo e intimidade física. Pode ser um cônjuge, parceiro, amante ou amigo.


Sobre as pessoas com Demência

Atendendo suas necessidades de intimidade física

As alterações no cérebro causadas pela Doença de Alzheimer podem aumentar a necessidade de relações sexuais. Isso pode criar conflito com o parceiro. Para alguns, esse aumento da necessidade de sexo é constante. Se essa energia sexual for expressa em locais inapropriados ou direcionada a pessoas que não consentem, pode ser necessário tomar medicamentos para reduzir sua intensidade.

Outros com a doença podem achar que sua energia e interesse sexual são reduzidos devido à depressão. Com o tratamento da depressão, o interesse sexual geralmente retorna.

As mudanças nos relacionamentos e nas necessidades das pessoas podem ser frustrantes. A falta de entendimento pode levar as pessoas a encontrar maneiras de atender às suas necessidades que podem ser consideradas inaceitáveis ou inapropriadas.

A busca de novos relacionamentos

À medida que a doença progride, a pessoa com Alzheimer pode não reconhecer ou lembrar-se do parceiro. Ela pode buscar proximidade e intimidade física com um novo parceiro. Sendo um problema muito complexo, as pessoas ao seu redor podem tentar impedi-la de satisfazer suas necessidades fora do relacionamento existente anteriormente.

Desinibição

O processo da doença pode fazer com que algumas pessoas percam suas inibições e se comportem de maneiras que outras as considerarem inadequadas. Isso ocorre porque o mecanismo psíquico usual de controle pode não estar mais funcionando. Por exemplo, uma mulher pode flertar com homens que não sejam seu parceiro. Isso pode ser embaraçoso para o parceiro. Também pode ser confuso e angustiante para a pessoa com Alzheimer, que pode não entender por que seu comportamento é inadequado.

Interpretação incorreta do comportamento

Às vezes as pessoas com Alzheimer se comportam de maneiras que podem ser mal interpretadas como sendo de cunho sexual, quando não são. Por exemplo, um homem pode tirar as calças em público para indicar que ele precisa ir ao banheiro, mas alguém pode ver como uma ação como sexualmente intencional.


Sobre os parceiros

De suas necessidades e comportamento pessoais

As mudanças sexuais causadas pela doença de Alzheimer podem entrar em conflito com as necessidades do parceiro. O parceiro pode se sentir culpado ou não saber como agir. Além disso, à medida que o parceiro assume um papel de cuidador, a ideia de intimidade física pode se tornar menos atraente e até nula.

A busca de novos relacionamentos

O parceiro pode ter necessidade de intimidade física que não está sendo atendida pela pessoa com Alzheimer e tende a procurar novos relacionamentos. Atenção e suporte de familiares e amigos são muito importantes nesta fase da vida.


Para os profissionais de saúde

Serem agentes de mediação de conflitos

Funcionários das instituições de longa permanência podem conhecer situações em que uma pessoa com a Doença de Alzheimer procurou companhia e intimidade com um novo parceiro. Os profissionais de saúde devem tentar determinar se o parceiro original concordou e deu consentimento ao novo relacionamento. Eles também devem encontrar maneiras de ajudar as famílias a se adaptarem às mudanças.


Sugestões úteis

1. As necessidades de companhia e intimidade física das pessoas com Alzheimer e de seus parceiros devem ser atendidas, sempre que possível, e tratadas com respeito e dignidade.

2. Quando as necessidades de intimidade física das pessoas no relacionamento diferem, uma discussão aberta e honesta, criatividade podem ajudar a encontrar maneiras diversas de atender as necessidades de cada pessoa envolvida.

3. À medida que a doença progride, as pessoas com Alzheimer podem não mais reconhecer seus parceiros originais. Os parceiros precisarão de muito apoio e compreensão. Se a pessoa com doença de Alzheimer escolher um novo parceiro, é importante que ambos concordem com o novo relacionamento.

4. No longo prazo, os membros da família e a equipe de assistência precisam pensar em seus próprios sentimentos e atitudes em relação à sexualidade e aos relacionamentos posteriores. Conhecer os padrões de expressão e intimidade sexual de uma pessoa com Alzheimer ao longo da vida pode dar uma ideia do seu comportamento atual.

5. Os funcionários de instituições de longa permanência devem encontrar maneiras de fornecer privacidade ou ajuda aos parceiros para lidar com as mudanças em seus relacionamentos. Isso pode incluir:

  • Encontrar atividades agradáveis ​​para que o parceiro possa compartilhar com a pessoa durante suas visitas
  • Desviar a atenção de um novo relacionamento que pode perturbar o parceiro
  • Fornecer acomodação privada durante a noite para casais que desejam ficar sozinhos.

6. Alguns parceiros de pessoas com doença de Alzheimer podem querer satisfazer suas necessidades de companheirismo e intimidade física com outra pessoa, especialmente se a pessoa com demência não os reconhecer mais. Nesse caso, eles precisarão de apoio e compreensão de todos para lidar com seus sentimentos e encontrar maneiras de atender às suas necessidades para que os deixem confortáveis.


Considerações finais

Os relacionamentos pessoais são complexos por natureza. Adicione a isso as mudanças provocadas pela Doença de Alzheimer e esses são os dilemas que os parceiros e as famílias enfrentarão. Falar sobre intimidade e sexualidade nem sempre é fácil. Mas é um bom ponto de partida para resolver problemas relacionados à companhia, intimidade e sexualidade na Doença de Alzheimer.



Fonte bibliográfica:

  1. Sexuality and the Alzheimer’s Patient. E. Ballard and C. Poer, Duke University Press, 1993.
  2. A Thousand Tomorrows: Intimacy, Sexuality and Alzheimer’s Disease [videotape]. Terra Nova Films, 1995.
  3. Disability Online.Victoria, Australia.

Este artigo não substitui em nenhuma hipótese a ORIENTAÇÃO MÉDICA.

Traduzido, adaptado e revisado por ANYA.



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